terça-feira, janeiro 03, 2006

Um dia, quis tocar o céu.



Sabe, uma daquelas vezes que a gente pensa na vida e começam a aparecer letras, como numa máquina de escrever. As palavras se formam e vem logo aquela impressão que tudo que vou ler é algo que vai tocar a alma, provocar um sentimento profundo de amor, paz, harmonia conosco mesmo.

Que nada, eu queria tocar o céu pra sentir a possibilidade de voar. Desprender os pés do chão. Mas que porra, a gente não voa. Se fosse pra voar, tínhamos asas. A Natureza é justa? É sim. Nos deu a capacidade de inventar o avião. Mas não podemos nos empolgar muito. Com o desenvolvimento da aviãção vieram os Barões Vermelhos, B-52, Migs, F-16, Tomahawks. E a milenar arte da guerra tomou novos ares.

Quero tocar o céu sim, pra dizer que posso voar, como uma sensação física. Como se eu caísse e sem querer errasse o chão. Pra conhecer o Marvin, ou pra acompanhar Snoopy e Woodstock em suas viagens, embaladas pela trilha sonora de Schroeder. Ou pra ver Jimi Hendrix tocar nuvens distorcidas.

Quis tocar o céu sim. Mas quando estava chegando perto da lâmpada do meu quarto, tropecei no travesseiro, bati a canela no espelho da cama, e quebrei o braço quando atingi o chão.

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