- Quero ser astronauta!
- E eu, bombeiro!
- Vou ser veterinário.
Alucinógena: motorista de ônibus!
É interessante como a minha infante cabecinha, que podia sonhar alto o quanto quisesse, não tinha essa ambição. Agora, ao lembrar dessa resposta não vinha à baila dos meus pensamentos o trânsito caótico, o calor infernal nem os turnos ingratos. A única coisa que pensava era: "quero fazer algo que eu goste muito". E uma das minhas maiores alegrias sempre foi descobrir novos lugares passeando de automóvel.
Ir pra escola, natação, tomar água de côco em Icoaraci ou comer tapioquinha na Vila de Mosqueiro. Tudo isso era maravilhoso. Mas o que me fascinava mesmo era um dia eu mesma poder "me levar" pra fazer essas coisas. Só que eu nunca quis fazer isso sozinha. Não tem graça descobrir nada sem ter com quem compartilhar. Queria poder levar quem eu gostasse junto comigo na jornada. E como eu via o meu pai, meus tios, os pais dos meus amiguinhos, todos com seu carro, isso tornava o meu sonho mais possível ainda.
A graça não estaria somente em chegar, mas desde a saída de casa. Era uma farra descobrir aqueles cantinhos do caminho em que a gente podia parar pra ver a paisagem, tomar um sorvete, ou até mesmo comprar camarão e abacaxi na beira da estrada. Pra quem sofria (e ainda sofre) de enjôo, dar essas paradinhas tinha um valor extra.
É curioso como a mentalidade de uma criança tende a compactar as idéias num raciocínio mais simples. Então, seguindo essa lógica, eu queria ser motorista de ônibus porque eu poderia dirigir o dia todo e ainda poderia levar todos comigo dentro do meu ônibus. Na minha realidade não existia companhias diferentes com rotas diferentes pra quem eu iria trabalhar. Existia um carro bem grande que cabia todo mundo que eu gostava e que eu ia levar pra passear junto comigo pra onde a gente quisesse.
Aí passa o tempo, a gente cresce, outras necessidades se impõem em nossas vidas. Os caminhos se separam...
Bons tempos em que eu queria ser motorista de ônibus.
terça-feira, setembro 09, 2008
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Um comentário:
Benditas crianças! O problema é que, ao contrário do que acontece com os pimpolhos, adultos tendem a complicar coisas simples.
Por isso, meus bonecos e revistinhas ainda decoram minhas prateleiras, em busca da infância que reluto em abandonar. Pena que as contas e os problemas tentam me convencer o tempo todo que minha meninice ficaram lá atrás, junto com a pureza e o gosto por pipocas guri.
Achei esse post o seu melhor do ano até o momento!
Cheers!
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