terça-feira, junho 01, 2010

No mundo da pagoderia sertanoja, curtir heavy metal é que é ridículo... claro!


Não sou fã do finado Dio e não me considero metaleira, mas daí a ver um jornalista/colunista/bloggueiro avacalhar todo um estilo musical, seus ídolos e fãs dessa maneira... sei não, hein. (leia o link no título) Tanta crítica construtiva pra se fazer nesse mundo. Aí um profissional do jornalismo resolve criticar algo que não afeta ninguém e chamar de acéfalos os que curtem o negócio?

Realmente, tem metal que só fala de cavaleiros e dragões, deuses e demônios... mas peraí, existem grandes obras eruditas que também fazem a mesma coisa! Seriam Wagner, Shakespeare e Homero metaleiros acéfalos sem saber? Escrevendo, contando e cantando sobre criaturas mitológicas, seres alegóricos, coisas assim? Provavelmente. Afinal, se acéfalos eram, não sabê-lo-iam nem acéfalos, muito menos metaleiros, correto?

Mas nada disso importa. Segundo o ilustre jornalista, é tudo velharia. E só não ficam esclerosados, caem aos pedaços e morrem porque não são pessoas-vivas-de-carne-e-osso como o finado vocalista. Nesse mundo pós-over-moderno, não cabe mais falar dessas coisas que não existem. Tem que falar de temas mais palpáveis como, por exemplo, as ancas de mulheres frutíferas ou chorar pelos chifres derramados nas cabeças de cavalos do sertão. Artistas não devem perder tempo com os temas de ontem. Já passou mesmo. O "seu jornalista" lá já decretou: ficar preso no passado é rídiculo. Cantar o que já foi é ridículo. Lembrar do que não é mais? Também deve ser .

Então o negócio é dar fim nisso tudo duma vez. Mas o bicho não pode pegar só pros metaleiros. Tem que sobrar pro resto. Tacar fogo na literatura. Sem mais contos de fadas pra por a molecada pra dormir. Senão os futuros adultos vão ficar presos nos tempos de outrora. Ô coisa velha essa de falar difícil. Porque não dizer "antes"? Mais velho que isso só a história mesmo. Mas sem livros, a gente já, já esquece. E se não esquecer, cai no ridículo.

Mas pro amigo jornalista, não só é ridículo os headbangers cantarem/pensarem/viverem nos tempos de antes. Também é a macacada toda se vestindo de acordo com gosto musical. Mas porque será que pra ele só metaleiro usando preto com cabelão é ridículo? Ternos espalhafatosos com camisa florida e cabelo bicolor de pagodeiro é fashion? Ou a mulherada de short "tô-na-bunda" ou roupa "piriguete" é "trendy"? Morte ao chapéu de peão e bota de cowboy. Onde nós estamos? Comercial do Malboro? Se o lance é gosto musical+modo de vestir=ridículo, isso tudo não deveria ser ridículo também?

Então, "com que roupa eu vou" ? Já sei! Vamos todos nos vestir de burca, já que não faz referência ao gosto musical de ninguém. Putz, não dá, mulçumanos fazem isso há séculos. Ok, então vamos passar a nos enrolar só em panos. Aff, também não dá, os hindus fazem essa moda há mais séculos ainda. Togas? Coisa de gregos e romanos. Penas? Já teve os índios. Peles? Os bárbaros... Mas que coisa! Esse mundo tem referências demais pro meu gosto, musical ou não.

E agora José? Ou melhor, seu jornalista... como é que fica? Se tudo de hoje é dos tempos de atrás, e o atrás é ridículo, qual é a saída? E o presente o que é? E do amanhã, o que será? E nem estamos falando de política...

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